domingo, 26 de junho de 2011

Rock'n love (parte 1)

O bar estava movimentado e eu, entediado. Era aniversário de um amigo e a turma resolveu comemorar lá. Eles estavam na terceira rodada de tequila, e eu apenas observava. Acho tequila uma bebida ridícula, e mais ridículo ainda aquele ritual de lamber o sal, morder o limão, arriba, abajo, anãoseimaisaonde. Decidi explorar o ambiente pra ver se encontrava alguém deslocado como eu. Foi quando esbarrei nessa garota.

Na verdade não houve esbarro nenhum, é só uma forma de dizer que eu a encontrei. Sentada em uma daquelas cadeiras altas, com um dos cotovelos apoiados na mesinha. Usava um vestido cinza de mangas compridas e um par de coturnos. Sem pulseiras, brincos ou colares. Tinha os cabelos muito escuros e lisos até o meio das costas e algumas mechas muito vermelhas, que pareciam brasas acesas em meio a cinzas negras. Uma luz sob a mesinha iluminava seu rosto apático.

Me aproximei timidamente, mãos nos bolsos, sem nem saber o que dizer. Mas sabia pela sua expressão que ela se sentia tão entediada quanto eu. Dei um singelo Oi. Ela olhava pra baixo e apenas movimentou os olhos em minha direção. Soprou para cima a fumaça do cigarro que fumava e respondeu com um Olá tão singelo quanto o meu. Enquanto eu pensava o que dizer para puxar assunto, ela comentou:

- Morrison e seu olhar matador.

Disse apontando para minha camiseta estampada com a foto mais famosa de Jim Morrison, falecido vocalista do The Doors. Seu tom de voz era baixo e um pouco rouco, muito interessante.

- Gosta de The Doors? – perguntei, aproveitando a deixa.

- Sim. Gosto da maioria das bandas que tem ‘The’ no nome. Senta aí, cara.

Na mesa um copo de whisky com bastante gelo e um maço de LA. Seus lábios eram de um vermelho desbotado, e descobri por que: boa parte do batom ficou no copo. Roubei uma das cadeiras altas da mesinha ao lado e sentei de frente para ela.

- Você parece meio desanimada... – comentei.

- Ah, está tão evidente assim? Algumas amigas me arrastaram pra cá, uma delas bebeu horrores e está passando mal, chorando e vomitando. Não suporto esse tipo de coisa e deixei as outras cuidarem disso. Amanhã levo pra ela um remedinho pra ressaca e fica tudo bem. Melhor do que voltar pra casa com os sapatos sujos de vômito. Estou só terminando meu whisky pra ir embora. – ela justificou, muito sincera.

- Entendi... eu também vim meio sem querer.

- Quer um gole? Um trago? Um beijo? – ela ofereceu.

- O quê? – eu escutei bem, mas perguntei só pra confirmar.

Ela riu.

- Brincadeira. Sua cara foi ótima.

Ri também, perguntei se ela morava perto do bar e ela respondeu.

- Moro a três quadras de distância da sua rua. Quer companhia até em casa? Tá tarde e... – ofereci, sem a intenção de cantá-la. Estava realmente preocupado com sua segurança... Um pouco.

- Sei sei. Pode ser, tudo bem. Você não tem cara de maluco e tem o Jim estampado na camisa. Ta certo pra mim. Vou só pagar a conta.

Ao se levantar da mesa ela jogou o cabelo para o lado, e pude perceber que acima da orelha direita havia uma faixa de cabelo rapado, provavelmente na máquina 3. Nunca tinha visto isso em uma garota, mas achei legal.

Fomos andando devagar pela avenida pouco movimentada, falando sobre música. Ela conhecia várias bandas clássicas que eu curto. Contei sobre minha coleção de vinis e seus olhos brilharam...

[CONTINUA]

(Gabriella Avila)

Essa é uma historinha que escrevi ontem de madrugada. Era pra ser só um textinho, mas acabou com 4 páginas.

O que mais me frustra em escrever textos, é não poder ilustrá-los como gostaria, como os imagino na minha cabeça =/
Bom, espero que gostem. Até o fim da semana posto a 2ª parte.
;*

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