quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ensaio sobre Clube da Luta


Esse é um ensaio final pra disciplina de Comunicação e Cultura do meu curso. Deveríamos escolher um produto cultural e analisá-lo sobre a ótica de algum conceito estudado na aula. Achei que Clube da luta seria ótimo pra falar de sociedade pós moderna. Quem não acharia?

Clube da luta talvez tenha de ser assistido mais vezes, como foi declarado pelos críticos do New York Times após sua estréia no cinema. Um filme de 1999, baseado em uma obra literária homônima, que teve um papel importante no quesito crítica a sociedade. Com elenco recheado de atores renomados como Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter, que encarnaram muito bem seus personagens difusos. Classificado como gênero de ação e faixa etária mínima de 18 anos para assisti-lo, por conta de suas muitas cenas de luta (que dão nome ao filme), nudez e explosões.

Uma história complicada, com personagens profundos e perturbados cada qual a sua maneira. Jack é um trabalhador comum, que sofre de insônia e no tempo livre gosta de comprar coisas que talvez nem precise. Em busca de tratamento para a falta de sono, começa a freqüentar grupos de apoio a todo tipo de doenças. Freqüentar esses grupos, mesmo sem sofrer de nenhuma doença, estranhamente faz com que ele se sinta melhor. Mas eis que aparece uma mulher misteriosa e com sinais de loucura: Marla Singer. Ela passa a freqüentar os mesmos grupos e isso atrapalha os objetivos de Jack, que se incomoda com sua presença. Na mesma época ele conhece Tyler Durden, um cara que vive sem limites, estabelece as próprias regras e não se importa em seguir os padrões da sociedade em que vive. Após a explosão de seu apartamento, Jack vai viver com Tyler e começa a viver experiências que fogem a sua rotina e o levam ao limite. Juntos eles fundam o Clube da Luta, uma válvula de escape para homens cansados de suas vidas sem ação.

O filme claramente critica a sociedade pós moderna, sociedade essa que após se libertar de todas as amarras das doutrinas anteriores, finalmente começou a sentir uma espécie de liberdade, mas também o peso desse conceito. Critica a cultura de massa que influencia o consumo e dita regras disfarçadas. O personagem Jack representa o cidadão acomodado na zona de conforto. Trabalhador solitário e alheio que começa a sofrer de insônia. Marla Singer é alguém sem objetivos que apenas espera pelo dia da morte, e vai se virando como pode até lá. Já Tyler Durden é um anti-herói incomodado com os rumos que a sociedade tomou e por conta disso ignora tudo que o limite. Ignora o consumismo e materialismo, deixando isso claro na célebre frase “As coisas que você possui acabam possuindo você”. O encontro desses três revela tudo que parece errado no mundo, e mostra que talvez possa ser mudado se algo for feito para incomodar a massa e tirá-la da inércia em que se baseia.

Culturalmente, esse é o pós modernismo do ponto de vista social: pessoas livres para se expressar e viver suas vidas da forma que preferem, mas que talvez precisem de uma orientação para tal, acabando por seguir a massa. Pessoas desenvolvendo doenças como estresse e insônia. Cada vez mais acomodadas e despreocupadas com uma série de valores possivelmente perdidos. Todos esses conceitos estão explícitos no filme, e mesmo os que ficaram implícitos conseguem ser facilmente reconhecidos.

Diante disso a comunicação é uma ferramenta poderosa e perigosa. A comunicação de massa ajuda a orientar todos para o mesmo rumo. A comunicação alternativa, daqueles que se incomodam com a alienação, já pode ter papel diferente: a de chacoalhar as coisas e “acordar” as pessoas. Basta alguém saber domina-la. Tyler Durden sabe muito bem, e convence dezenas de pessoas dos erros que a sociedade comete talvez sem perceber. Ou quem sabe, plenamente consciente.

Gabriella Avila

PS: Não citei o desfecho da história nem as descobertas feitas no filme pra não ser spoiler, e tbm pq não se encaixava no objetivo do texto ;]

"Eu vejo aqui os homens mais fortes e inteligentes. Vejo todo esse potencial desperdiçado. Droga! Uma geração inteira abastecendo carros, servindo mesas. Escravos de colarinho branco. A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas. Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas que não precisamos. Somos o filho do meio da história. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Guerra Mundial. Nós não temos uma Grande Depressão. Nossa Guerra é uma guerra espiritual. Nossa Depressão, são nossas vidas. Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos tomando consciência desse fato. E estamos muito, muito putos.

Você não é o seu emprego. Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco. Nem o carro que dirige. Nem o que tem dentro da sua carteira. Nem a porra do uniforme que veste. Você é a merda ambulante do Mundo que faz tudo pra chamar a atenção. Nós não somos especiais. Nós não somos uma beleza única. Nós somos da mesma matéria orgânica podre, como todo mundo."

Tyler Durden

Um comentário:

  1. Estranho eu baixei esse filme e assisti hoje... o vi pela 4° vez depois de 10 anos... e acabei tropeçando no teu blog. É realmente um ótimo filme... pena que não há jovens realmente pensando e agindo como nele... não com a mesma agressividade( Um pouco só para demosntrar poder )! Mas com a mesma inteligência. A conciência e a atitude de revogar os direitos de liberdade e se livrar desse ciclo recrutador de consumidores e criador de ilusões. Mentirosos que destroem a mente das crianças com programas e personagens coloridos dentro das casas, tirando delas a o prazer do contato com outros. E muitos outros que permeiam pelas páginas sociais... triste... e não esquecendo que pertenço a "mesma matéria orgânica podre, como todo mundo." Se quiser manter contato mande um email (tiagofly@hotmail.com) t+

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