segunda-feira, 16 de maio de 2011

atmosfera de perda

Fumaça densa e garrafas espalhadas pelo chão. Buracos de cinza no tapete e pequenas queimaduras na pele. Maquiagem borrada, olhos inchados e encharcados. Olhar perdido, sorriso perdido, amor perdido.

Ele esteve ali, tantas vezes. Fazendo-a sorrir com frases bestas, fazendo-a gritar de êxtase. Derrubando suco no tapete, roncando. Incomodando-a com aquela adorável presença.

Aquela música não pode mais tocar. Aquela que tocou em seu celular, levando a mensagem que desmoronou seu pequeno mundo. Toda vez que ela fecha os olhos, lembra. Daquele corpo forte que tantas vezes a carregou e rodopiou, fragilizado. Daquele sorriso que tantas vezes salvou seu dia, fraco. Daquela mão apertando sua mão, lentamente perdendo a força. Os olhos fechados que não abriram mais.

Virou doses e doses. Fumou um cigarro atrás do outro. Ela queria afogar e sufocar aquela sensação de vazio. Diluir aquele nó na garganta. As lágrimas rolavam em silêncio, entre um grito desesperado e outro. E o corpo perdia o equilíbrio. Com a visão não se importava mais, pois as lágrimas já a deixaram turva e embaçada antes do álcool..

Dia 30 de Outubro. Eles fariam 4 anos juntos. Ela vai passar a vida lembrando que ele tentou dizer algo antes de fechar os olhos, mas não conseguiu. Ela quer acreditar que era um último “eu te amo”.

(Gabriella Avila)

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